sábado, 7 de julho de 2012

"O Espetacular Homem-Aranha" recoloca o herói no nosso imaginário


DivulgaçãoEmma Stone e Andrew Garfield como Stacy e Parker
São cinco anos de fãs órfãos e a espera finalmente tem fim nesta semana. A chegada de “O Espetacular Homem-Aranha” cumpre uma lacuna deixada em aberto com o fim da trilogia de Sam Raimi e quer mais. Divertido, tecnicamente ousado e renovado, o herói ganha novo fôlego nos cinemas com esse primeiro filme de uma trilogia de reconstrução. Os moldes estão prontos como Chris Nolan fez com o Batman. E Peter Parker volta com tudo. Apesar de blockbusters sempre requererem análise mais cética, sem a empolgação da diversão, “O Espetacular Homem-Aranha” faz de tudo para acabar com a desconfiança que recaía sobre o elenco e a "inexperiência" do diretor.
A necessidade da história é outra questão que foi levantada pelos fãs no decorrer das filmagens, afinal estaria Hollywood contando novamente a mesma história? Ou por que contar a mesma história sob um novo ponto de vista? Aí recai a importância do Homem-Aranha na formação cultural de toda uma geração. Nascido em um período de instabilidade mundial (Guerra do Vietnã, rock dos Beatles, drogas lisérgicas e lutas contra o preconceito), o aracnídeo de Stan Lee surgiu como uma espécie de experiência de laboratório (a picada da aranha geneticamente alterada) de um mero cidadão magricela que perdeu os pais. E é uma história contada por gerações, assim como o cinema se reinventa por gerações, o que já justifica.
E a nova trama de Peter Parker é assimetricamente dividida em partes. A primeira do garoto Parker e sua relação com os pais e a inquietude com os negócios deles. Depois adolescente, skatista, nerd que sofre bullying e fotógrafo tímido. Aí vem a picada e tudo se transforma. A experimentação da luta contra assaltantes, a vingança pelo Tio Ben e o embate contra o Dr. Connors, o Lagarto. O ritmo parece o mesmo de quadrinhos animados e as cenas sob o comando de Marc Webb, calouro que só filmou o excelente “500 Dias com Ela”, são de tirar o fôlego.
Divulgação
Mas a principal chave dessa reconstrução é a aposta na mudança dos protagonistas. A começar por Andrew Garfield, de “A Rede Social”, que apesar de estar perto dos 30 anos interpreta esse adolescente como ninguém esperava. Ele deu mais veracidade à figura nerd e inventiva do Homem-Aranha, enquanto deixou explodir o Peter Parker órfão em momentos inconclusivos. Sua nova grande paixão é Gwen Stacy, o primeiro amor dos quadrinhos, interpretada pela belíssima Emma Stone, de “Amor a Toda Prova”. Ela é a filha de George Stacy, capitão da polícia de Nova York, que caça o Homem-Aranha por não entender seu lado de “vingador mascarado”. 
Tia May e Tio Ben ganharam roupagem nova - e mais interessante. Os antigos tinham aspecto de avós e pouco fôlego para representar a família que Parker ainda possui. As relações entre eles nunca são menosprezadas por Webb e ajudam a construir essa figura de herói. Apesar dos fãs criticarem a falta de uma frase famosa na série, Peter Parker consegue se redefinir sem ela e sem apelar para a emoção barata.
DivulgaçãoDr. Connors e sua experiência
E por fim Dr. Connors (Rhys Ifans), um dos personagens da seleta lista de vilões bizarros do Homem-Aranha, que também se mostra humano. Ele representa o cientista alucinado por resultados, a ponte entre Parker e seu passado e também o potencial vilão quando joga em uma criatura a tal “evolução da raça humana”. 
E tudo isso comandado com leveza e piadas bem colocadas. É um filme que apesar de todos seus efeitos tecnológicos não deixa de ser simples e correto. É também todo interligado, apesar de se restringir aos efeitos de estrear na semana da Independência dos Estados Unidos (a ausência de batalhas com sangue, a bandeira nacional e a ajuda dos populares). Garfield faz Peter Parker ser carismático como Tobey Maguire deixou escapar com a sua última versão emo.
DivulgaçãoGeorge Stacy, pai de Gwen, tem papel decisivo na trama
“O Espetacular Homem-Aranha” é um filme que não foge à regra de algumas adaptações tanto em tecnologia quanto em diversão e alguns clichês. Mas é óbvio que vai divertir. E com a experimentação que poucos filmes têm conseguido. Webb queria fazer o herói voltar a ser comentado e conseguiu. É uma responsabilidade e tanto sem grandes poderes. E ainda assim brincando com o Godzilla de Tóquio. 
PS: fique na sala após os créditos, tem spoiler da sequência.
PS1: a cena com Stan Lee, que sempre aparece nas adaptações, é a sua melhor no cinema.
Confira o trailer:


Nenhum comentário:

Postar um comentário